domingo, abril 26, 2009

Alienada




Fui a louca que sonhou
com sangue irrequieto pulsando,
espiando a nudez do mundo
e esgueirando-se nos esconderijos
paralelos das sombras.

Fui a louca que viveu
amedrontada pela mágoa,
refugiada na dor do sossego
que mente às consciências
tresloucadas dos sentimentos.

Fui a louca que amou
numa overdose de quimera,
cega pela incandescência da mentira
proferida por lábios embaciados
de trevas devoradoras.

Fui a louca que morreu
esquecida num deserto qualquer,
gelada e desperta pela lâmina
com que m'amputaste a alma
apenas com um silêncio.


Vera Sousa Silva

4 comentários:

Paula Raposo disse...

Está muito belo o teu poema...beijinhos.

Nilson Barcelli disse...

Sonhar, viver, amar e morrer são etapas da vida. Louca e alienada... ou não...
Belo poema cara amiga, gostei imenso.
Beijos.

Ava disse...

"Fui a louca que amou
numa overdose de quimeras..."

Vera, sua poesia enche a alma, o coração, inunda tudo!

Sua senbilidade é encantadora!

Beijos e carinhos mil!

Alexander The Poet disse...

As quimeras que nos aquecem a vida...
levam-nos à loucura... mas que seria a loucura da nossa vida sem a loucura desses voos perdidos... por esses sonhares...

bjs e parabens poetisa