segunda-feira, maio 10, 2010

Morte fardada



A farda manchada de sangue
Jaz morta na calçada
Onde os passos velozes do inimigo
Ainda ecoam.

A justiça está cega
E a viúva cobre-te as manchas de suor
Com lágrimas amargas.

O órfão não entende
Porque não o abraças.

O Povo lamenta a morte de mais um polícia,
Reclama por mais segurança
Enquanto coloca velas
Que ardem e se apagam,
Quase tão depressa como a memória
De mais uma morte em serviço.

Vera Sousa Silva


terça-feira, maio 04, 2010

Tempo acabado de um Poeta


O tempo come-te a carne
e vomita flores perfumadas,
selvaticamente.

Ardem os livros
no inferno da Palavra
e o gosto a mel
percorre-te a língua, ávida.

Queixumes e lágrimas
acordam o Poema sagrado,
que desfaz a iliteracia
e aplaude o Poeta
compassivo do tempo
que come carne
e vomita flores.

Vera Sousa Silva