domingo, janeiro 27, 2008

Transformação


Transformo-me,
Transfiguro-me...

Não sou eu!

O peito arde,
A voz inflama.
Perco a razão...

Caio,
Quedo-me,
Inquieto-me....

Mato-me,
Mato-te!

Transformo-me...

E nunca sou eu!
Vera Silva

quarta-feira, janeiro 16, 2008

Nunca serás meu...


Fechei a porta... Lá fora ficaram o vazio e a solidão.

Dentro das quatro paredes brancas do quarto, apenas o nosso silêncio e as velas perfumadas, rodeando a cama. Esperas-me quieto, sorrindo, dentro do meu olhar. Abraço-te e deito-me, sentindo o calor do teu corpo nu. Beijo-te os lábios doces, carnudos e acaricio os teus cabelos de seda. A tua voz, suave, sussura-me poemas de amor e os teus gestos, quentes, beijam as minhas palavras.

Amas-me loucamente... E como eu te amo! A lua esconde-se, envergonhada, atrás das nuvens cinzentas, e as estrelas, curiosas, espreitam cautelosamente.

Nunca serás meu... Nunca me pertencerás... Jamais saberás que te amo!

Dormes tranquilo, sorrindo, abraçado ao teu amor... Eu acordo do meu sonho. Na cama, rodeada pelas velas perfumadas, dormem a meu lado o vazio e a solidão.

Nunca serás meu... Nunca me pertencerás... Jamais saberás que te amo!


Vera Silva

terça-feira, janeiro 08, 2008

O amor não existe...

O amor não existe!
Existe o mar, bravo, livre, solto, azul… salgado como as minhas lágrimas, distante, como o meu amor.
Existe a morte, que espero ansiosa, onde cairei num sono eterno.
Não mais sonharei contigo. Nunca mais serás o primeiro pensamento do meu dia, nem invadirás as minhas insónias constantes.
Existe tanto para além de ti, e esse tanto, que tanto queria agarrar, foge-me. Escorre-me entre os dedos como a areia fina da praia do meu Inverno.Sei de tanto que existe… E sei também que não existe amor. Não da tua parte. Existe apenas desprezo pelo que sinto. E sinto, sinto tanto! E odeio-me pelo tanto que sinto, e sinto, e sinto…
A noite, triste, assombra-me e as estrelas do meu céu esfumam-se, como se esfumou a esperança. Sim, já tive esperança. Essa maldita que morreu com as palavras que nunca me disseste, com beijo que nunca senti, com o amor que não existe.
Vera Silva