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e que hoje partilho aqui.
O Carlos deu-me a grande honra de apresentar o meu novo livro de contos "Traços do Destino", no passado dia 28 de Novembro, de uma forma soberba, que me encheu de orgulho.
Além de amigo e excelente apresentador, escreve também de uma forma soberba. Nos blogs do autor, ou no seu último livro "Histórias do Deserto", podem comprovar o que digo.
Eis o texto:
A escritora senta-se e escreve:
“- Tiago, tens que ir depressa buscar a Beatriz. A minha mãe não a foi buscar e eu não sei o que se passa, não consigo falar com ela. Vai buscá-la, que eu vou directa para casa da minha mãe.”
Algo se passa e a escritora descreve-o. A escritora pára de escrever e uma lágrima de memória traçou-lhe o rosto. A escritora continua a escrever e termina o seu conto: Traços do Destino. Dedica-o à sua mãe, falecida mãe.
Num outro dia, a escritora pensa:
“Não esperes por mim para jantar.” São: Acasos.
Mas não há verdadeiros acasos, pensa. Mas há acasos. Escreve.
Não sei se chovia, mas se chovia, chovia como nunca. A escritora exclamou na sua voz interior:
“… - Vês o que me obrigas a fazer?!?...” São: Fragmentos. De quê? Fragmentos de algo que se tentará colar peça a peça até concluir se valerá a pena.
A escritora continua e veste um: Vestido Vermelho. Olha-se ao espelho: “… Sentiu-se horrorizada. Estaria morta?...” Meu Deus, e se acontecesse? Sentou-se e escreveu. Sentiu um arrepio na espinha.
Escrever é uma: Vida de Luxo. Ou não? “… Estava linda, realmente linda e sorria feliz…” Continuou. O som das teclas, uma estranha simfonia.
Naquela noite estava frio. A escritora ajeitou a lenha a queimar-se na lareira. Olhou pela janela. Cair da Noite e da Vida, pareceu-lhe um bom título. “A noite caía devagar…” A lareira exalava calor como uma espécie de respiração.
Leu: A Carta, “… sentada na sua cama…”. Leu novamente. As virgulas, que fazer com elas? Leu-a mais uma vez, desta vez, “… com lágrimas nos olhos…”.
Escreveu. A escritora escreveu. Afectos, afectos diversos. Lembrou-se dele que “… a aguardava com um sorriso repleto de ternura.” E se escrevesse sobre isso? E se escrevesse sobre o contrário disso? Afinal tudo tem um lado contrário.
Ao fundo da folha, a escritora parou. Chega, pensou. Levantou-se. Na cozinha, fez um café. Voltou e na estante tirou um livro pequeno de Tolstoi, uma tradução de: A morte de Ivan Ilitch. Leu um pouco. Que pensaria Tolstoi ou mesmo Tchékov deste livro que acabara de escrever?
Voltou ao computador e emendou algumas vírgulas. Uma lágrima salgou-lhe o sabor. Acabou. Está pronto.
Dez. 09
Carlos Teixeira Luis
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Tive a honra de apresentar este belo livro humano de contos de Vera Sousa Silva que bem conhecemos por cá. Traços do Destino, o seu título. Editado pela Temas Originais.
Como excelente livro que se preze, existe para ser lido.
Façam-no. Com calma e um sorriso.
Talvez tenha nascido uma contista que aqui dá os seus primeiros passos. Poetisa de sensibilidade única já o é.
Do Luso Poemas sai pérolas. Sem dúvida.
Obrigada por tudo Carlos!