segunda-feira, setembro 29, 2008

Nasci da tua ausência



Nasci da tua ausência,

Entre os sussurros nocturnos

Da nudez da lua, pálida,

Como a névoa dos teus olhos,

Que te cega,

Indiferente aos queixumes

Sofridos,

Ardentes,

Chorados...

Vi-me coberta de lágrimas,

Invísivel ao inquieto amor

Que só geme em meu peito.

Mergulhei na escuridão

Da noite sagrada,

E perdi-me entre trilhos

De bosques sombrios

(Como a minha alma?)...

Mortifiquei-me destruída

Na sensibilidade da palavra

E ausentei-me

De um corpo

Que nunca foi meu.
Vera Sousa Silva

13 comentários:

Maria disse...

..."ausentei-me de um corpo que nunca foi meu"...
Ah, Vera, escolhi o fim do poema para o reter todo. Nascer de uma ausência, mergulhar na escuridão de uma noite sagrada, atrevo-me a dizer que é um dos poemas mais bonitos que já li por aqui. Pelo menos dos que mais me tocou.
Porque sagrado é tudo o que fazemos, e sagrado é o amor...

Um beijo, querida Vera

Gilbamar disse...

Um doce de poema salpicado pela ternura de tuas lindas palavras saídas d'alma.

Doces e fraternos abraços.

Marta Vasil (pseud.de Rita Carrapato) disse...

"... ausentei-me de um corpo que nunca foi meu..."

Os blogues permitem-nos, para além de uma enorme partilha, momentos de reflexão e de interiorização muito grandes. Aconteceu-me isto com este poema, sobretudo, com a transcrição de cima.

Bj
MV

João Videira Santos disse...

"Nasci da tua ausência..." um belissimo título.
"Nasci da tua ausência..." onde o espaço ou vazio se alucinam na
constatação da realidade como grito da alma. Verinha...gostei! Beijo

em azul disse...

Obrigada por me teres mostrado o caminho até aqui. Gostei muito das tuas palavras.

Um abraço
em azul

tulipa disse...

Olá VERA

quem me dera um dia saber escrever como TU.
Para já, são estas as palavras que saem cá de dentro:

Caminhos
muros, pedras
portas
rangem de fúria
desconcertam-me
estremeço
oiço vozes
grito, fujo
vou sem destino.

E(u)rótica disse...

Nasci por acaso. Cheguei pelos trilhos de quem procura qualidade. E aqui a encontrei.

... disse...

E sustive a respiração para ler cada palavra tua!

LINDO!!!! Saudades deste cantinho

:)

Delfim Peixoto disse...

POESIA; ( desculpa o grito)...
Aparece mais vezes...
:)

Rita Carrapato e Fatima Sarnadas disse...

Que poema lindo! Quase me ausentei do meu próprio corpo para, em delírio, o ler.

Beijinhos

Rita

Cadinho RoCo disse...

Ausentar-se do corpo que nunca foi seu é voltar-se para o corpo que sempre foi seu.
Cadinho RoCo

DE-PROPOSITO disse...

Mergulhei na escuridão
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Creio que isso não aconteceu, porque mergulhar na escuridão, significa; 'esquecimento'.
Fica bem.
E a felicidade juntinho de ti.
Um beijinho.
Manuel

Mar Arável disse...

Há mar e outros mares