sexta-feira, dezembro 18, 2009

Um texto de Carlos Teixeira Luís, sobre o meu livro





Um texto de Carlos Teixeira Luís, que podem conhecer melhor nestes blogs:

http://verderude.blogspot.com
http://estoriasdodeserto.blogspot.com

e que hoje partilho aqui.
O Carlos deu-me a grande honra de apresentar o meu novo livro de contos "Traços do Destino", no passado dia 28 de Novembro, de uma forma soberba, que me encheu de orgulho.
Além de amigo e excelente apresentador, escreve também de uma forma soberba. Nos blogs do autor, ou no seu último livro "Histórias do Deserto", podem comprovar o que digo.

Eis o texto:


A escritora senta-se e escreve:

“- Tiago, tens que ir depressa buscar a Beatriz. A minha mãe não a foi buscar e eu não sei o que se passa, não consigo falar com ela. Vai buscá-la, que eu vou directa para casa da minha mãe.”

Algo se passa e a escritora descreve-o. A escritora pára de escrever e uma lágrima de memória traçou-lhe o rosto. A escritora continua a escrever e termina o seu conto: Traços do Destino. Dedica-o à sua mãe, falecida mãe.

Num outro dia, a escritora pensa:

“Não esperes por mim para jantar.” São: Acasos.
Mas não há verdadeiros acasos, pensa. Mas há acasos. Escreve.

Não sei se chovia, mas se chovia, chovia como nunca. A escritora exclamou na sua voz interior:

“… - Vês o que me obrigas a fazer?!?...” São: Fragmentos. De quê? Fragmentos de algo que se tentará colar peça a peça até concluir se valerá a pena.

A escritora continua e veste um: Vestido Vermelho. Olha-se ao espelho: “… Sentiu-se horrorizada. Estaria morta?...” Meu Deus, e se acontecesse? Sentou-se e escreveu. Sentiu um arrepio na espinha.

Escrever é uma: Vida de Luxo. Ou não? “… Estava linda, realmente linda e sorria feliz…” Continuou. O som das teclas, uma estranha simfonia.

Naquela noite estava frio. A escritora ajeitou a lenha a queimar-se na lareira. Olhou pela janela. Cair da Noite e da Vida, pareceu-lhe um bom título. “A noite caía devagar…” A lareira exalava calor como uma espécie de respiração.

Leu: A Carta, “… sentada na sua cama…”. Leu novamente. As virgulas, que fazer com elas? Leu-a mais uma vez, desta vez, “… com lágrimas nos olhos…”.

Escreveu. A escritora escreveu. Afectos, afectos diversos. Lembrou-se dele que “… a aguardava com um sorriso repleto de ternura.” E se escrevesse sobre isso? E se escrevesse sobre o contrário disso? Afinal tudo tem um lado contrário.

Ao fundo da folha, a escritora parou. Chega, pensou. Levantou-se. Na cozinha, fez um café. Voltou e na estante tirou um livro pequeno de Tolstoi, uma tradução de: A morte de Ivan Ilitch. Leu um pouco. Que pensaria Tolstoi ou mesmo Tchékov deste livro que acabara de escrever?

Voltou ao computador e emendou algumas vírgulas. Uma lágrima salgou-lhe o sabor. Acabou. Está pronto.

Dez. 09







Carlos Teixeira Luis
http://verderude.blogspot.com
http://estoriasdodeserto.blogspot.com




Tive a honra de apresentar este belo livro humano de contos de Vera Sousa Silva que bem conhecemos por cá. Traços do Destino, o seu título. Editado pela Temas Originais.
Como excelente livro que se preze, existe para ser lido.
Façam-no. Com calma e um sorriso.
Talvez tenha nascido uma contista que aqui dá os seus primeiros passos. Poetisa de sensibilidade única já o é.
Do Luso Poemas sai pérolas. Sem dúvida.





Obrigada por tudo Carlos! 

13 comentários:

Paula Raposo disse...

Que maravilha!! Parabéns! Muitos beijos e um enorme sucesso.

Maria disse...

Livro que eu (ainda) não tenho. Porque falhei a apresentação. Mas que espero ter um dia destes...

Beijinho, Vera
(com saudades)

Delfim Peixoto disse...

Parabéns! Melhor eu não diria!
bjnhs

Mar Arável disse...

Quando nasce um sonho

é natal

sem calendário

Anna D'Castro... disse...

Verinha, BOAS FESTAS!!!
ke 2010 te traga todas as bençãos, continuação de muito sucesso e ainda mais realizações pessoais.

Quando puderes faz uma visita no
FLORES SELVAGENS. Terei muito prazer.

beijos
Anna D'Castro

Sofá Amarelo disse...

Boas Festas e o maior beijinho do Sofá Amarelo!!!

OUTONO disse...

Com amigos assim!!!!!!Parabéns!!!

Caros amigos(as)

A "PARAGEM"...parou. Na carruagem do meu caminhar, encontrei uma passageira amiga e sedutora. Disse-me o seu nome em segredo...não percebi...e repetiu a sua vontade:
-Digo-te quem sou...se me escreveres de novo...
Na estação da vida, com os frios de Inverno brancos...olhei-a frontalmente...beijei-a com a minha sede de palavra e, disse-lhe:
- Ficas proibida de me fugir, fingindo-te cansada...
- Prometo...
Saí primeiro da carruagem, logo atrás um salto traquinas, felicidade "infantil", deu-me a mão ...e ofereceu-me um dizer...
Partilho-o, neste recomeço.
Um sincero obrigado, pelo apoio, ao ignorarem a "PARAGEM" do Pretexto-Clássico com a vossa presença.
Sintam-se bem, permitam-me que os brinde com um chá de amizade....e um abraço de simpatia.
Já agora, um 2010 pleno de concretizações!

Manu disse...

Olá Vera! Um 2010 cheio de amor, paz, saúde e muita criatividade para nos alegrar a alma. Beijos

Marta Vasil (pseud.de Rita Carrapato) disse...

Querida Vera

Que o novo ano seja para ti uma porta aberta à concretização de sonhos e desejos.

Beijinho de ternura

Um Poema disse...

....

Vera,
Que 2010 seja para ti um ano cheio de realizações, com alegria, paz, saúde e muitos amigos.

Um abraço

antónio paiva disse...

...

Bom ano!

beijo

mixtu disse...

excelente comentario, descreveu na certa os momentos da tua escrita, as memoris, o tributo à mãe...

as virgulas,

abrazos serranos

António MR Martins disse...

Excelente livro. Soberbo texto sobre o mesmo, do Carlos.
Sinto orgulho por vos conhecer, por partilhar palavras convosco e por ser vosso amigo.
Bem hajam.

Beijinho Vera.
António MR Martins