sexta-feira, janeiro 19, 2007

Mendiga


Quando a noite cai sobre mim
Deito-me envolvida pela escuridão,
Tapada com o manto das estrelas,
Contemplando a lua com emoção.

No meu rosto, o véu da melancolia,
Com lágrimas que correm perdidas…
Sou apenas mais um número,
Estatística de pessoas esquecidas.

Quem passa, finge que não me vê,
Sou vagabunda transparente…
Se tenho fome ou sinto frio,
A todos é indiferente.

Sem roupa decente para vestir,
E mais parecendo um espantalho,
Ninguém me abre uma porta,
Como vou eu arranjar trabalho?

De dia ando pelas ruas,
Pedindo, com um pouco de esperança,
Sendo animada por vezes
Pelo sorriso de uma criança.

Já um dia fui feliz
E passei pelos outros sem os ver.
Mal sabia eu que me esperava
Ficar na rua, tudo perder.

47 comentários:

Maria disse...

Lindo poema meu doce, é um tema sobre o qual tb ja escrevi e que me toca profundamente.Esta muito tocante amiga este teu poema.

Beijinho grande

FF

Anónimo disse...

Dá que pensar e muito ...
e ninguem pense que a sua vida não pode mudar...pode melhorar mas tb pode piorar.

bjo

Ricardo Rayol disse...

nada é tão ruim que não possa piorar ... estar ao léu sem lenço e docimento.. precisando sobreviver e sem ter como .. dureza ...

Daniele disse...

Minha Amiga Tão Querida e Poetisa,

Esse seu poema, sangrou na alma, cubriu com o manto da beleza, da dor, da melancolia... Eu me senti nele, eu me vi nele...Eu me emocionei com cada linha que verte em forma de poesia...

É tanto sentir !

Amo-te
Beijos na sua alma,
Da sempre amiga e fã,
Dani

Anónimo disse...

Percorrer esta merecida página não é uma imposição, mas, tão-somente, um prazer lúdico, para ver a elegância, qualidade, de braço dado com a noção de estética e bem-fazer. Afinal, tenho a sorte de puder apreciar e visitar este agradável blogue. Óptimo fim-de-semana.

Cadinho RoCo disse...

No ninguém nosso de cada dia também vive alguém.
http;//cadinhoroco.blogspot.com/

Farinho disse...

Vemos muitas situações dessas por aí, e ninguem faz nada refiro-me aos graudos que so pensam meter dinheiro no poket e esquecem-se de ajudar quem precisa.


Sabes alguma coisa da Angela, está tudo bem com ela?

Beijocas

Farinho disse...

Vemos muitas situações dessas por aí, e ninguem faz nada refiro-me aos graudos que so pensam meter dinheiro no poket e esquecem-se de ajudar quem precisa.


Sabes alguma coisa da Angela, está tudo bem com ela?

Beijocas

Miudaaa disse...

arrepiante de bonito e verdadeiro.
um beijo de miudaaa na tua boxexaaa!

Um Poema disse...

Relato de um drama?... Ou a história, em quadras, de tantos dramas?...
Um abraço

Arauto da Ria disse...

Vera,
A tua sensibilidade já não espanta quem tem o privilégio de te ler, mas tocas num assunto muito sério e terminas com um aviso um aviso muito real, pois nunca se sabe o que nos pode acontecer, nesta conjuntura incerta que nos assola.
Um beijo e bfs

DE-PROPOSITO disse...

Quadras que retratam a dor pungente de alguém a quem os deuses não bafejaram com sorte. E era tão tão simples, bastava haver a multiplicação dos pães.
Fica bem.
Beijinhos.
Manuel

Farinho disse...

Realmente é uma sintese das muitas misérias que estão espalhadas por aí, e o que é que se faz?...Ignora-se.
Passa-se por eles e nem se quer olham, têm vergonha.

o alquimista disse...

A luz inundou o dia, no resto do vago que resta da noite, sons de melodia dolente que ecoaram por toda a lagoa...

Feiticeiro domingo

Doce beijo

Anna D'Castro... disse...

Oi Verinha, lindo e comovente poema... me tocou muito, tanto o tema social, como a tua sensibilidade... Teus poemas estão cada vez mais belos.
Um beijão e fica com Deus.
Anna

Plum disse...

Emocionaste-me...as tuas palavras tocam-nos a alma!

Fantástico*

Abracinhos cheios de magia!!!*

Nilson Barcelli disse...

Vestiste a pele de mendiga e fizeste um admirável poema.
E com uma mensagem clara...!
Boa semana para ti.
Beijos.

antonior disse...

Uma foto perfeita a ilustrar belas palavras para um tema tão complexo...o mendigo desde todo o essencial da sua condição até à semiótica da sua postura atinge a sensibilidade de quem a tem, nem sempre pelas razões que levam a uma acção eficaz. Nem sempre com a lucidez, despida de emoção e de máscaras. Quando a sensibilidade já está endurecida ou nunca existiu, é fácil ignorar ou voltar a cara. Contudo, um símbolo, da farsa e da hipocrisia humana. Uma bandeira da insensibilidade e despreocupação humanitária de quem reclama para si a responsabilidade de fazer as sociedades felizes.

Beijinhos

Anónimo disse...

Um tema perturbador, sem dúvida, sobretudo pq nos fáz lembrar aqueles que vivem nestas condições desumanas e que por vezes não são ajudados por culpa de uns outros que se aproveitam, q ñ kerem fazer nd da vida e acabam por ser todos metidos no mesmo saco...
E lembremo-nos sempre daquele ditado que diz que não sabemos o dia de amanhã...
Bjokas gandes
Madalena

Defensor disse...

Saudações
...é como morrer em vida, ser esquecido nas avenindas, nas ruas, nos escaninhos das sujas cidades!
Abraços
PS= vou te linkar para não esquecer de aparecer por aqui. Aprecio muito o que escreves!

Cris disse...

Assusta-me pensar que o futuro pode nos trazer o pior possível, e nós, tão habituados à rotina do dia a dia, por vezes queixamo-nos de trivialidades, quando lá fora na rua, alguém comia, com gosto, o resto do jantar que deitamos fora ou vestia a camisola que despejamos no contentor, porque já "não está na moda" - isto levado um pouco ao exagero, mas infelizmente a realidade é bem pior.

Gostei muito!!

Beijinho

cris

Mina disse...

Palavras sentidas, realistas e bem bonitas... Faz-me lembrar uma peça de teatro que vi por altura do natal :)
Bjs e boa semana!

Amaral disse...

Na escada da vida, há sempre um degrau que desconhecemos!
Somos o degrau, somos a escada, somos o pouco dentro do Muito!...

Alexandre disse...

Bom, infelizmente a maior parte das pessoas passam indiferentes a estas situações. Até tentam não pensar nelas... mas fazer um poema dedicado a uma causa que nos devia envergonhar a todos só pode vir de alguém com uma grande alma.
Obrigado por nos «lembrares» que estas coisas continuam a existir... mesmo à frente dos nossos olhos!!!

Manuel Veiga disse...

venho agradecer a tua visita e as simpaticas palavras de estímulo. e dizer-te que apreciei muito o teu poema.

Fúria das Águas disse...

Hoje venho em silencio e te deixo uma flor.
Um beijo
Furia

João Filipe Ferreira disse...

está lindo..um poema marcante sobre uma realidade miseravelmente triste..adorei te ler**

Anónimo disse...

Não vivemos só da lei do aborto, o tema é uma preocupação, fica o meu abraço...

Bruno Pereira disse...

é um poema triste e intenso...

visita também o meu cantinho de poesia : www.oparaisonaoeaqui.blogspot.com e o meu cantinho de textos :
www.deixameveraminhaagenda.blogspot.com

Vívian Oliveira disse...

Duro este texto..
Mas infelizmente muitas vezes acontece assim...

Bom decobrir-te, voltarei mais vezes para ler-te...

Abraço!

Mário Margaride disse...

Obrigada Vera pela tua visita.
Este espaço que desconhecia, é belo e maravilhoso!

Este poema, retrata a miséria e desordem social, a que o nosso país e o mundo estão infelizmente atolados.
Tenhamos esperança num mundo melhor, e mais justo.

Adorei!

Beijinhos

Mário

--------------- disse...

Belo retrato do dia em que a solidão nos bate à porta e nós sem tempo de arrumar a casa para a receber.

Restando sair pelas traseiras e desejar que quando voltarmos a casa ela tenha cansado do nosso lar.

Porque ela chega e vai sem avisar...:)

[[cleo]] disse...

Olá Vera!
Um poema extraordinário!Parabéns!!
Tem tanto de verdade como de triste!!
Todos os dias,em qualquer lugar,passamos por eles,desviamos o olhar... amanhã podemos ser nós!
Dá muito que pensar!

Um beijinho soprado

Anónimo disse...

Miséria em versos nem assim se torna mais triste porém mais bela...
lindo dia,flor
beijossssssssss

Luna disse...

No momento que descobrimos que somos sombras e que já vimos pessoas como sombras, esse momento é precioso, pois podes descobrir a verdadeira essencia do viver
beijos

Anónimo disse...

pois é, a vida dá voltas.
esperança é tudo que nos resta.

;**

Bruno Pereira disse...

Obrigado pela visita a www.oparaisonaoeaqui.blogspot.com

é muito importante esta interligação entre todos nós que escrevemos (ou tentamos no meu caso) escrever poesia.

vim agradecer-te a visita a www.oparaisonaoeaqui.blogspot.com.

O teu comentário e apoio significam muito para mim.

Aproveito para dizer que também já lancei um livro através da corpos editora. :)

Pierrot disse...

A foto...
O texto...
Um casamento perfeito...de alguém que já foi feliz.
Está muito bom.
Fez-me lembrar Babel, de Iñarrito, onde por vezes toca este tema.
Bjos daqui
Eugénio

Miudaaa disse...

Passei... Passei por aqui... deixo um Beijo... miudaaa

Daniele disse...

Minha amiga tão querida e poetisa Vera,

Vim lhe trazer pétalas de amizade, de empatia, de amor. E desejar a ti e à todos os seus um fim de semana repleto por tudo o que possa haver de melhor e mais belo.

Beijos na sua alma,
Da sempre amiga,
Dani

Anónimo disse...

Uma descriçao perfeita de uma situaçao que nos deparamos todos os dias e que viramos a cara em jeito de indiferença. Apenas esperamos que isso nao aconteca um dia a nos proprios...

Beijo.

Anónimo disse...

Passei para ver os amigos, apreciar o blogue, sempre com bom-gosto e qualidade, factor que me leva a visitá-lo para deixar o desejo dum óptimo fim-de-semana, apesar deste frio que enregela, mas como diz o povo «mãos frias, coração quente».

JPAnunciação disse...

Querida Vera,
É digna de um enorme aplauso quem tem esta consciência tão nítida da fragilidade da Vida e do respeito pelos seus passos que transitam entre os oásis e os desertos.
Abraças os vencedores e os vencidos com o mesmo desejo de alma e nos lábios o verbo de amor.
Um grande beijo.

André L disse...

|Lindo! Blog, linda poesia. A alegria é algo que devemos procurar sem desistir, pois para ela temos de ter sempre um pouco de prédisposição, afinal sem ela não nos sentimos vivos.

Um bem ajas pela inquietude que me deixaste.

belakbrilha disse...

Um drama que muita gente enfrenta!

A esperança é a última que morre

Lindo....gostei

Lord of Erewhon disse...

A qualidade das civilizações sempre se mediu pelo grau de humanidade que dispensam aos despojados de tudo.

Padre Vítor Magalhães disse...

Escreves muito bem!!!