sexta-feira, março 14, 2008

Morte na Escola



À memória de João Rui Barata Aniceto


Chamava-se João e tinha um sorriso fantástico.
Era o filho de sonho para qualquer pai e mãe.
Era o estudante que todos os professores sonham ter, pela inteligência e pelo primor das suas atitudes e comportamentos.
Era o melhor amigo de Todos.
Um apaixonado pela música.
Um jovem bem formado, educado e reflexo dos valores irrepreensíveis transmitidos pelos pais.
Estava na última aula de educação física do período, alegre e divertido, como sempre o conheci e disse à professora: “Estou mal disposto Professora”. E caiu.
O que se seguiu eleva ao expoente máximo a luta contra o desespero.
Eleva ao mais alto sentimento de impotência o darmos tudo de nós e sentimos que a vida se esvai aos poucos a cada minuto que passa.
Passam-se 30 minutos e o socorro não chega e o desespero aumenta. Tentamos em vão a reanimação cardíaca, sempre, sempre sem parar até à exaustão.
A escola pára.
O desespero e angústia cresce e cresce. E a vida perece.
Chamava-se João.
Partiu ontem e com ele leva a dor das centenas de colegas e professores;
Uma escola que chora esta morte.
O Montijo está de luto.
Mergulhado na dor.
Numa mágoa sem igual.
Com a revolta de jamais compreendermos a razão pela qual o INEM demorou 30 minutos (TRINTA MINUTOS!!!!!!) para accionar o socorro quando o CODU (Centro Operacional de Doentes Urgentes) sabia que estava um jovem de 14 anos em paragem cardiorrespiratória… E pior!Hoje vem o INEM a público reconhecer a demora porque ontem, dia 13 de Março, receberam muitas chamadas…
E assim se foi uma Vida!!!
Chamava-se João e partiu.
Estás nos nossos corações meu querido.

Descansa em paz meu Anjo.



Este texto é da autoria da FLY, uma professora que conheceu este Anjo e que revela bem a sua revolta, que é também a de todos nós!

8 comentários:

Maria disse...

Sabes que não sou capaz de comentar....
Não há palavras, assim sendo deixo-te um abraço e saio devagarinho.......

MollyThousandSmiles disse...

Sabes Vera, apetece-me gritar, destruir, mas não tenho voz, nem tenho forças...
Perdi-as naquele dia, na escola, quando olhámos uns para os outros e percebemos que o João já tinha partido.
Hoje, dia 15 de março, às 11.30 é o funeral. Vai ser muito duro para todos mas muito especialmente para as centenas de jovens que vão estar presentes. Muitos deles nunca tinham entrado num velório cairam nos meus braços quando viram o colega.
Parece estar a dormir, sabias? E vestido de fato treino como tanto gostava de andar.

Não consigo ultrapassar isto.
Não compreendo!
Tudo isto é surreal, tipo tirado de um filme de terror

:-(

nd disse...

Caros amigos,

Como entender esta vida!
Nunca saberemos o que dizer nestas horas.
Que pecados cometeu o homem!!!

Anónimo disse...

Também sou mãe e tive a grande felicidade de privar com o João Rui,o "ROY",o grande e maravilhoso AMIGO da minha filha e da minha casa. A sua alegria, educação, responsabilidade, determinação e constante preocupação de ajudar e proteger todos à sua volta deixam em todos quantos o conheceram um enorme vazio, uma mágoa, um número incontável de perguntas para as quais nunca teremos resposta. Tenho a certeza que o João Rui marcará para sempre as nossas vidas e que será sempre lembrado (também na ESJP) como um exemplo. As saudades já apareceram e só passaram meia dúzia de horas de o podermos ver como que a dormir. A partir de agora só podemos olhar para as suas fotos, ver os seus filmes... e chorar. Não sei quem sois, mas deduzo que estão com as nossas crianças. As férias começaram e o regresso à sala onde na secretária do ROY só existem dedicatórias, vai ser muito dura para todos. Ajudem-nas a superar esta tão grande falta, talvez a primeira das muitas que infelizmente a vida lhes trará. Obrigada por estarem aqui e por poder partilhar também convosco o meu choro, pois dentro de aguns minutos vou voltar ao papel de mãe e agora mais que nunca de porto-de-abrigo.

Alexandre disse...

Sinto uma revolta e um desespero total perante aquilo que foi divulgado na comunicação social e aqui tão bem descrito e escrito pela professora que esteve presente e acompanhou o drama!

Por ter filhos quase desse idade e não só declaro toda a minha solidariedade para com os pais desse jovem...

Ricardo Rayol disse...

cacete mas isso é revoltante.

Plum disse...

Uma causa de todos nós...*

Ana Paula disse...

iguelSou mãe, de uma rapariga mais ou menos da mesma idade e de um rapaz mais novo, que inclusivé joga futebol, este é um medo que me acompanha muitas vezes, pois as pessoas têm por hábito definir como morte súbita, eu não, eu chamo-lhe MORTE ESTUPIDA, pois ataca-nos, sem que nenhum de nós se aperceba que está a chegar e deixa-nos completamente desprovidos de armas para combater este ataque que é praticamente invisivel, pois raramente dá mostras que vai atacar. Depois para ajudar a todo este cenário, como é que é possível que no Séc. XXI não haja um desfibrilador em cada Escola????????
Não é passível de entendimento.