quarta-feira, abril 29, 2009

Pressinto-te, Morte

Pressinto-te Morte, em espasmos de pranto,

Numa dor que sangra em fogo

Pesado, que m’esventra

E insuportavelmente m’alegra

Na chegada tranquila,

Em passos que ceifam almas

À passagem, e avança lenta

Na minha direcção.


(ah meu amado, se viesses ainda

a tempo da salvação

com lábios de feiticeiro)


Sou corpo aniquilado

Com alma que jaz, oculta

Entre promessas de amor eterno,

E já moribunda, pronuncio

Teu nome e rogo-te afincadamente

Que me leves daqui,

Onde a vida m’esbofeteia

Em cada esquina

Sem lágrimas nem contemplações.


(e como as trevas são tão mais belas

E mais puras que a imundice

Com que teus olhos m’enxergam)


Sorrirás perante a visão do cadáver

Em misto de alívio e conforto,

Num contentamento sublime

E merecedor, e a respiração

Segura caminhará nas portas

Do poema, escancaradas em ouro

Puro, para te receber

Com vénias serviçais.


Vera Sousa Silva


8 comentários:

Alvaro Oliveira disse...

Ao ler este seu poema, recordei
a grande poetisa Florbela Espanca,
cuja poesia adoro.
Poema triste, mas muito sentimental
e lindissimo.

Beijos

Alvaro Oliveira

Unknown disse...

Vera, minha amiga!

Para mim, o amor é mesmo assim. Amar é tão simples, porquê, estar a dificultar um sentimento tão bonito e "Sublime"?.

Obrigado pela tuas palavras e visita.

Lindo poema, mesmo na tristeza, existem momentos tão belos.

Eu sou feliz
e o meu sorriso
será sempre
uma linda flor!
A desabrochar
com o amor.

Mesmo que as lágrimas
me corram pela alma...

Quero ser uma criança
sempre...

Chorando e sorrindo
lavando com as lágrimas
a minha cara e a minha alma...

Só assim
é que sou feliz!

No meu novo acordar
ouvir a natureza
a cantar...

São os passarinhos
que todos os dias
me dizem como é belo
VIVER...

Bjnhs

ZezinhoMota

Anónimo disse...

Um belíssimo poema, escrito com o sentimento de um verdadeiro poeta!

Adorei!!

Beijinhos.

OUTONO disse...

Não é fácil comentar o tema MORTE!

Mas conseguiste, um milagre...prender o leitor até ao fim. Chama-se a esse apelo...comunicação!

Beijinho

Maria disse...

Não tenho palavras para ti, Vera...
Não saberia o que dizer...

Abraço-te pelo belo poema que escreveste, e me tocou muito.

Beijos

continuando assim... disse...

lindo...simplesmente...

Judô e Poesia disse...

O blog é lindíssimo! e merece ser ornado pelos poemas que li. Inspiração e virtude poética. É um dos meus blogs favoritos. Beijos. Domingos.

Mar Arável disse...

Abril de novo

no Maio de sempre